O
dicionário diz que escrever é representar ou exprimir, relatar,
transmitir por meio de escrita, compor, redigir, desenvolver obra
literária: conto, romance, novela, livro etc.
É
isso o que diz o dicionário. Porém, escrever é mais do que isso, é
urdir, tecer, coser palavras, tanto faz ser uma bula de remédio ou
uma peça de ficção. A diferença é que a ficção consome o corpo
e a alma. Os poetas também poderiam ser incluídos aqui, se eles não
tivessem pacto com o diabo.
O
ficcionista quanto melhor pior, sofre mais, depois de algum tempo não
aguenta o sufoco. Os mais sensatos, se é que se pode chamar de
sensato um indivíduo como esse ― eu já disse alhures que todo
escritor é louco ―, os que têm algum discernimento, e esses são
poucos, desistem, no auge da sua carreira dizem BASTA, para desespero
dos seus admiradores.
Os
outros, cada vez mais desesperados com essa insana atividade,
entregam-se às drogas ou cometem suicídio.
O
que eu vou fazer?
Isso
era para ser um poema, mas eu não tenho pacto com o diabo.
Rubem
Fonseca, in Amálgama
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