Ele
estava desempregado há muito tempo.
Tinha
filhos e do trabalho restavam cadilhos.
E
da fome sobravam rastilhos.
Disseram-lhe:
só te oferecemos emprego se te cortarmos a mão.
Ele
estava desempregado há mais tempo do que sabia, e mesmo se não
queria, tinha filhos, aceitou.
Logo
ali no cepo a deixou.
A
mão, a mão, a mão.
Outra
vez despedido de novo procurou emprego.
Só
te oferecemos emprego se te cortarmos a mão,
aquela
que te resta, a segunda mão.
Ele
estava desempregado, tinha filhos, aceitou.
Porque
o tempo lhe fugia entre os últimos dedos lhe fugia,
a
mão, o tempo, a mão.
Porque
o tempo lhe fugia, entre os últimos dedos lhe fugia,
a
mão, o tempo, a mão.
E
quando um dia lhe disseram; só tens emprego se te cortarmos a
cabeça.
Ele
estava desempregado há mais tempo do que podia, tinha filhos,
aceitou, e
baixando
a cabeça, aceitou.
Porque
o tempo lhe fugia, entre os últimos dedos lhe fugia,
a
mão, o tempo, a mão.
Gonçalo
M. Tavares
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