quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Soneto 53

Que substância é a tua, que forma latente,
À qual cedem milhares de sombras alheias?
Tudo tem, cada coisa, um reflexo somente,
Mas tu, sendo um, todas as sombras lastreias.
Representem Adônis: o que se revela
É um rascunho malfeito de tua figura;
Se de Helena pintarem a imagem mais bela,
Numa túnica grega, estarás na pintura.
Falem da primavera e do viço da messe;
A primeira é de tua beleza um resumo,
O segundo com tua bondade parece
E nas formas mais belas teus traços presumo.
Se da graça visível és parte integrante,
Ninguém tem, como tu, coração tão constante.
William Shakespeare (tradução de Emmanuel Santiago)

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