A palavra de que eu
gosto mais é “não”. Chega sempre um momento na nossa vida em
que é necessário dizer “não”. O “não” é a única coisa
efetivamente transformadora, que nega o status quo. Aquilo que é
tende sempre a instalar-se, a beneficiar injustamente de um estatuto
de autoridade. É o momento em que é necessário dizer “não”. A
fatalidade do não — ou a nossa própria fatalidade — é que não
há nenhum “não” que não se converta em “sim”. Ele é
absorvido e temos que viver mais um tempo com o sim.
José Saramago,
in As palavras de Saramago
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