sábado, 14 de julho de 2018

Suavidade

Pousa a tua cabeça dolorida
Tão cheia de quimeras, de ideal
Sobre o regaço brando e maternal
Da tua doce Irmã compadecida.

Hás de contar-me nessa voz tão querida
Tua dor infantil e irreal,
E eu, pra te consolar, direi o mal
Que à minha alma profunda fez a Vida.

E hás de adormecer nos meus joelhos...
E os meus dedos enrugados, velhos,
Hão de fazer-se leves e suaves...

Hão de pousar-se num fervor de crente,
Rosas brancas tombando docemente
Sobre o teu rosto, como penas de aves...
Florbela Espanca

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