quarta-feira, 18 de julho de 2018

Histórias da Zona Norte

Guinga me contou a última de hoje:
Zé Bode, não por coincidência morador da... Penha!, resolveu dar aula de educação sexual pros netos. Foi uma falação louca, entremeada de termos técnicos como “barquete” e “gualibão”. As crianças adoraram. A primeira aula teria sido um êxito retumbante se um dos meninos não tivesse criado caso:
- E a Roberta Close?
Zé Bode armou a retranca:
- Que qui tem?
- Dizem que era homem, fez uma operação e virou mulher.
Zé Bode continuou de líbero:
- E daí?
O menino aplicou uma sucessão de dribles de fazer inveja ao Bebeto:
- Bom, é mulher agora, mas também era. Não é mais homem, mas antes também não era…
Zé Bode se encrespou:
- Era homem, tinha tarugo.
- Mas não usava!
Já vi situações assim no hospital. Diante de um impasse, o jeito é apelar pro cientificismo. Zé Bode não vendeu barato:
- A genitrolha não é de somenos dada a circunstância, ainda que hipotética, de descabelamento do palhaço. Outrossim, não se apresentava, logo abaixo do bombril, a perseguida. Muito pelo contrário, delineava-se ali, ainda que modesto, o cipó de aroeira.
A classe aplaudiu tamanha erudição, mas o menino tinha uma derradeira dúvida:
- Ela transa por onde?
Zé Bode cauteloso:
- Aparada a genitrolha, constituiu-se a genibrenha. É por ali.
- E antes?
- Antes o quê, porra?
- Antes, ora essa. Como é que ele, ou ela, fazia a coisa?
Com um suspiro de resignação, Zé Bode revelou o segredo:
- Através das partes caganentais.
Aldir Blanc, in Brasil passado a sujo

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