sábado, 2 de dezembro de 2017

A linguagem dos doutores do futebol

Vamos sintetizar nosso ponto de vista, formulando uma primeira aproximação da problemática tática, técnica e física do cotejo que foi disputado esta tarde no campo do Unidos Venceremos Futebol Clube, sem cair em simplificações incompatíveis com um tema que sem dúvida está exigindo análises mais profundas e detalhadas e sem incorrer em ambiguidades que foram, são e serão alheias à nossa pregação de toda uma vida a serviço do amor ao esporte.
Seria cômodo para nós ignorar nossa responsabilidade, atribuindo o revés da esquadra local à discreta performance de seus jogadores, mas a excessiva lentidão que indubitavelmente mostraram na jornada de hoje, na hora de devolver cada esférico recepcionado, não justifica de nenhuma maneira, entenda-se bem, senhoras e senhores, de nenhuma maneira, semelhante desqualificação generalizada e, portanto, injusta. Não, não e não. O conformismo não faz parte do nosso estilo, como bem sabem os que nos seguiram ao longo de nossa trajetória de tantos anos, aqui em nosso querido país e nos cenários do desporto internacional e inclusive mundial, onde fomos convocados a cumprir nossa modesta função. Portanto vamos dizê-lo com todas as letras, como é nosso costume: o êxito não coroou a potencialidade orgânica do esquema de jogo desta esforçada equipe, porque ela pura e simplesmente continua sendo incapaz de canalizar adequadamente suas expectativas de uma maior projeção ofensiva até o âmbito da meta rival.
Já o dizíamos no domingo próximo passado e assim o afirmamos hoje, com a cabeça erguida e sem papas na língua, porque sempre chamamos pão de pão, e queijo de queijo, e continuaremos denunciando a verdade, doa a quem doer, caia quem caia e custe o que custar.
Eduardo Galeano, in Futebol ao sol e à sombra

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