“Falava
língua nenhuma, jejuava em tudo. Seu fluido, neutro, não
incomodava. Frequentava ali, como se, em lugar do interior, em porta
de farmácia: o aspecto e atitude desmentindo as linhas tortas de seu
procedimento. Não seria louco, a não ser da básica e normal
doideira humana, a metafisicamente dita. Valeria, sim, saber-se o
grau virtual de sua aloprabilidade. A gente nem tem ideia de como,
por debaixo dos enredos da vida, talvez se esteja é somente e sempre
buscando conseguir-se no sulco pessoal do próprio destino, que é
naturalmente encoberto; e, se acaso, por breve trecho e a-de-leve, se
entremostra, então aturde, por parecer gratuito absurdo e sem-razão.
Convém ver. Só raros casos puros, aliás, abrem-nos aqui um pouco
os olhos.”
Guimarães
Rosa,
in Homem,
intentada viagem
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