Rigoberta Menchú
Ela
é uma índia maia-quichê, nascida na aldeia de Chimel, que colhe
café e corta algodão nas plantações do litoral desde que aprendeu
a caminhar. Nos algodoais viu cair seus dois irmãos, Nicolás e
Felipe, os menorzinhos, e sua melhor amiga, ainda menina, todos
sucessivamente fulminados pela fumigação de pesticidas.
No
ano de 1979, na aldeia de Chajul, Rigoberta Menchú viu como o
exército da Guatemala queimava vivo seu irmão Patrocínio. Pouco
depois, na embaixada da Espanha, também seu pai foi queimado vivo
junto com outros representantes das comunidades indígenas. Agora, em
Uspantán, os soldados liquidaram sua mãe aos poucos, cortando-a em
pedacinhos, depois de tê-la vestido com roupas de guerrilheiro.
Da
comunidade de Chimel, onde Rigoberta nasceu, não sobrou ninguém
vivo.
Rigoberta,
que é cristã, aprendeu que o verdadeiro cristão perdoa seus
perseguidores e reza pela alma de seus verdugos. Quando lhe golpeiam
uma face, tinham-lhe ensinado, o verdadeiro cristão oferece a outra.
– Eu
já não tenho face para oferecer
– comprova Rigoberta.
Eduardo
Galeano,
in Mulheres
Nenhum comentário:
Postar um comentário