sábado, 8 de julho de 2017

O sertanejo: um forte

Não sabemos, num nosso país que ainda constrói sua gente de tantos diversos sangues, se ele será, o sertanejo, a “rocha viva de uma raça”, o “cerne de uma nacionalidade”.
Mas sua presença é longa lição, sua persistência um julgamento e um recado. Atuais como aquelas palavras do mestre de Leyde:
Nossos avós ainda não dispunham senão de recursos muito parcos, para mitigar as dores, curar as fraturas e os ferimentos, defender-se do frio, expulsar a escuridão, comunicar-se pessoalmente ou à distância com seus semelhantes, evitar a podridão e o mau-cheiro. Por toda a parte e continuamente o homem tinha de sentir as limitações naturais do bem-estar terrestre. A técnica, a higiene, os aperfeiçoamentos sanitários do ambiente em que vive, tanto lhe facilitando, acostumaram-no mal. Aquela conformada serenidade no desconforto quotidiano, própria das outras gerações, e que os ascetas buscavam como meio de santificação, perdeu-se para o homem moderno. Porém, ao mesmo tempo, correu ele o risco de perder também a simples aceitação da felicidade da vida, onde ela se oferece.”
Guimarães Rosa, in Ave, palavra

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