Minha
memória é um puzzle: onde colocar essa esquina, esse olhar,
aqueles dois pares de cotovelos na mesa quando Sérgio e eu
“descobrimos” séculos depois de Aristóteles as civilizações
sepultas nas lendas, de quem aqueles joelhos juntinhos onde a mão se
insinuava insistente, onde e quando e por que esse cheiro bom de
terra úmida, que diabo queria eu dizer com esta frase achada num
caderno antigo: “Hoje é o dia mais infeliz da minha vida”? O que
eu não daria para sofrer de novo isso! Não, o melhor é compor uma
sinfonia multissensorial com o teu riso, com teu ressuscitado riso, ó
Gabriela, alinhavando tudo.
Mário
Quintana, in A vaca e o hipogrifo
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