segunda-feira, 3 de julho de 2017

As comandantes

Fonte: Google Imagens

Às suas costas, um abismo. À sua frente e aos lados, o povo armado acossando. O quartel “A Pólvora”, na cidade de Granada, último reduto da ditadura, está a ponto de cair.
Quando o coronel fica sabendo da fuga de Somoza, manda calar as metralhadoras. Os sandinistas também deixam de disparar.
Pouco depois abre-se o portão de ferro do quartel e aparece o coronel agitando um trapo branco.
Não disparem!
O coronel atravessa a rua.
Quero falar com o comandante.
Cai o lenço que lhe cobre a cara:
A comandante sou eu – diz Mônica Baltodano, uma das mulheres sandinistas com comando de tropa.
O quê?
Pela boca do coronel, macho altivo, fala a instituição militar, vencida mas digna, hombridade de calças compridas, honra da farda:
Eu não me rendo a uma mulher! – ruge o coronel.
E se rende.
Eduardo Galeano, in Mulheres

Nenhum comentário:

Postar um comentário