O
meu saber da língua é um saber folclórico.
Muitos
me arguirão deste pecado.
Não
sei o que responder,
uma
nuvem me tolda.
Me
levanto com a alva,
encontro
ameixas maduras no quintal,
uma
ave nova que voa
sem
fugir de mim.
Nunca
fui em Belo Vale,
mas
amo esta cidade
porque
meu pai passou nela, em romaria,
e
voltou falando ‘Belo Vale, porque Belo Vale’,
este
som de leite e veludo.
Quis
dizer nêspera e não disse.
Só
por causa da música que não entendo
ninguém
me apedrejará.
Não
invejo os deuses, porque não existem.
Os
gênios, sim, os que dizem:
eis
a forma nova, fartai-vos.
Como
és belo, amado! Belo e perecível!
Tudo
é sonho e escândalo,
congênita
ambiguidade.
Se
pudesse entender: o Filho de Deus é homem.
Mais
ainda: o Filho de Deus é verbo,
eu
viraria estrela ou girassol.
O
que só adora e não fala.
Adélia
Prado
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