segunda-feira, 15 de maio de 2017

O que chegou de outros mundos

Tenho uma cadeira de espaldar muito alto
para o visitante noturno
e, enquanto levemente balanço entre uma e outra vaga de sono,
ei-lo — O que chegou de outros mundos —
ali sentado e sem um movimento.
Talvez me olhe como se eu fora a branca estátua derribada
de um deus.
Talvez me olhe como a uma forma já ultrapassada
(que tudo o seu espanto e imobilidade pode dizer).
E eu então — ele ainda deve estar ali! —
levanto-me e vou cumprindo
todos os meus rituais.
Todos os estranhos rituais de minha condição e espécie.
Religiosamente. Cheio de humildade e orgulho.
Mário Quintana

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