sexta-feira, 19 de maio de 2017

Está na cara

Uma cara é algo que reconhecemos à primeira vista mas é dificílimo ou impossível descrever traço a traço. Porque a memória é instantânea. Não lhe peçam explicações. Seria como pedir a um relâmpago que nos desse uma exibição em câmara lenta.
E da mesma forma que dizemos na rua: “Olha o Fulano!” — a gente logo exclama ao folhear um álbum:
Olha um Renoir! Olha um Van Gogh! Olha uma Tarsila!” E assim também se nos dizem um poema: “Mas isto só pode ser da Cecília, do Lorca, do Apollinaire!”
Porque o estilo é a cara.
Mário Quintana, in A vaca e o hipogrifo

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