Uma
cara é algo que reconhecemos à primeira vista mas é dificílimo ou
impossível descrever traço a traço. Porque a memória é
instantânea. Não lhe peçam explicações. Seria como pedir a um
relâmpago que nos desse uma exibição em câmara lenta.
E
da mesma forma que dizemos na rua: “Olha o Fulano!” — a gente
logo exclama ao folhear um álbum:
“Olha
um Renoir! Olha um Van Gogh! Olha uma Tarsila!” E assim também se
nos dizem um poema: “Mas isto só pode ser da Cecília, do Lorca,
do Apollinaire!”
Porque
o estilo é a cara.
Mário
Quintana, in A vaca e o hipogrifo
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