segunda-feira, 29 de maio de 2017

Como são efêmeras as coisas humanas

Pensa sempre nos muitos médicos que já morreram depois de frequentemente franzir a testa diante de um doente; e nos astrólogos que já morreram depois de predizer pretensiosamente a morte alheia; e nos muitos filósofos depois de intermináveis discursos sobre a morte ou a imortalidade; nos muitos heróis depois de matarem milhares; e nos muitos tiranos que usaram seu poder sobre as vidas humanas com terrível insolência, como se fossem imortais; e nas muitas cidades que estão inteiramente mortas, por assim dizer, Hélice e Pompeia e Herculano e inúmeras outras. Acrescenta à conta todos os teus conhecidos, um depois do outro. Um homem depois de enterrar o outro é posto no catafalco e outro o enterra; e tudo isso num curto período de tempo. Em conclusão, observa sempre como são efêmeras as coisas humanas e que o que ontem era um pouco de musculosidade, amanhã será uma múmia ou cinzas. Passa, então, por este curto período de tempo conformado com a natureza e termina tua jornada contente, como uma azeitona que cai quando está madura, bendizendo a natureza que a produziu e grata à árvore na qual cresceu.”
Marco Aurélio, in Meditações

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