Saindo
da igreja, André me perguntou:
— Você
acha que “A Truta de Ouro” existe ainda?
— Vamos
ver.
Antigamente,
era um dos nossos lugares favoritos, aquele pequeno albergue, à
borda da água, onde se comiam pratos simples e deliciosos. Nós lá
festejamos as bodas de prata e, depois disso, não tínhamos voltado.
Silencioso, pavimentado com pequenas pedras, o lugarejo não havia
mudado. Percorremos a rua principal nos dois sentidos: “A Truta de
Ouro” tinha desaparecido. O restaurante onde paramos, na floresta,
nos desagradou: decerto por compará-lo às lembranças.
— E
agora, que fazemos? — indaguei.
— Nós
tínhamos falado do castelo de Vaux, das torres de Blandy.
— Mas
tem você vontade de ir?
Ele
estava pouco ligando e eu também, mas nenhum de nós ousava dizê-lo.
Em que pensaria ao certo, enquanto rodávamos sobre estradazinhas
cheirando a folhagem? No deserto de seu futuro?
Simone
de Beauvoir,
in A mulher desiludida
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