A
guerra que aflige com os seus esquadrões o Mundo,
É
o tipo perfeito do erro da filosofia.
A
guerra, como todo humano, quer alterar.
Mas
a guerra, mais do que tudo, quer alterar e alterar muito
E
alterar depressa.
Mas
a guerra inflige a morte.
E
a morte é o desprezo do Universo por nós.
Tendo
por consequência a morte, a guerra prova que é falsa.
Sendo
falsa, prova que é falso todo o querer alterar.
Deixemos
o universo exterior e os outros homens onde a Natureza os pôs.
Tudo
é orgulho e inconsciência.
Tudo
é querer mexer-se, fazer coisas, deixar rasto.
Para
o coração e o comandante dos esquadrões
Regressa
aos bocados o universo exterior.
A
química direta da Natureza
Não
deixa lugar vago para o pensamento.
A
humanidade é uma revolta de escravos.
A
humanidade é um governo usurpado pelo povo.
Existe
porque usurpou, mas erra porque usurpar é não ter direito.
Deixai
existir o mundo exterior e a humanidade natural!
Paz
a todas as coisas pré-humanas, mesmo no homem!
Paz
à essência inteiramente exterior do Universo!
Alberto
Caeiro (heterônimo de Fernando Pessoa)
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