-
“Ana Paula?!”
-
É. Por quê?
-
Conta outra.
-
Meu nome é Ana Paula.
-
Você não vai acreditar, mas eu sempre sonhei em encontrar uma Ana
Paula.
-
Mesmo?
-
E o meu sonho era... você. Escrito.
-
Mesmo?!
-
O cabelo, os olhos, até o formato do rosto.
-
Que coisa!
- Sabe
de uma coisa? Eu estou achando isso muito suspeito.
-
Suspeito?
-
Você não se chama Ana Paula, chama?
-
Juro!
-
Está pensando o quê? Pode parar.
-
Mas...
-
Você não me engana. Está tudo perfeito demais. Até o dentinho um
pouco torto. Aí tem coisa. Pera lá.
-
Que coisa podia ter?
-
Você acha que os sonhos se realizam, assim, no mais?
-
Só sei que o meu nome é Ana Paula.
-
Você ia chegar assim, como eu sempre sonhei? Até o jeito de falar?
Pára.
-
Desculpe se eu...
-
Não. Pára. Aí tem coisa. Comigo não. Não caio nessa.
E
ele se afastou às pressas, fugindo, quase derrubando o sorveteiro.
Luís
Fernando Veríssimo, in As mentiras que os homens contam
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