Não
sei que crítico notou que os grandes humoristas escrevem clássico.
Um exemplo, entre nós: o velho Machado de Assis.
Mas
não será isso porque os autores clássicos adquirem, forçosamente,
com o tempo, um toque de humor? Um toque que decerto não era deles e
que reside para nós, seus pósteros, no tom cada vez mais arcaico da
sua linguagem.
Nem
deve ser por outro motivo que às vezes se ouve, na voz tempestuosa
dos Profetas, mercê das antigas traduções da Bíblia, certa nota
de humor.
Mas
não se iludam. Nosso Senhor não tem o mínimo sense
of humour.
Nosso Senhor leva tudo a sério. Com Ele não há fugir. Com Ele não
há a escapatória do sorriso, essa arma predileta do Demônio, isto
é, aquele que é também chamado o Espírito da Dúvida.
Mário
Quintana,
in A
vaca e o hipogrifo
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