Theseus
and the Minotaur in the Labyrinth (1861), de Edward Burne-Jones
O
fio que a mão de Ariadne deixou na mão de Teseu (na outra estava a
espada) para que este afundasse no labirinto e descobrisse o centro,
o homem com cabeça de touro ou, como quer Dante, o touro com cabeça
de homem, e lhe desse morte e pudesse, já executada a proeza,
destecer as redes de pedra e voltar a ela, a seu amor.
As
coisas aconteceram assim. Teseu não podia saber que do outro lado do
labirinto estava o outro labirinto, o do tempo, e que em algum lugar
prefixado estava Medeia.
O
fio se perdeu; o labirinto se perdeu também. Agora nem sequer
sabemos se nos rodeia um labirinto, um secreto cosmos ou um caos ao
azar. Nosso bonito dever é imaginar que há um labirinto e um fio.
Nunca daremos com o fio; talvez o encontramos e o perdemos em um ato
de fé, em uma cadência, no sonho, nas palavras que se chamam
filosofia ou na mera e simples felicidade.
Jorge
Luis Borges, in Os conjurados
Ótima postagem!
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