segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Diz-me, bicho, quem és tu?

Um leão revestido de estanho
ou o sonho de Francisco de Quevedo?
Feliz metamorfose de um torpedo
ou gato astral miando para a sua gata?
Ainda que tua indumentária te delate
com seu brilho de aço de Toledo,
não és somente um robô, somente um arremedo;
tua ambiguidade é muito agradável.
Estranho ser, simpática montagem,
careces por completo de pelo
porém em teu porte há algo de felino,
de tigre camuflado e clandestino,
e não deixas de ser, mesmo que inventado,
um sem-vergonha feliz e enamorado.
Jesús Munárriz

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