A
Coletânea era um corredor ocupado por livros, revistas e jornais, em
um ponto nobre da Rua da Praia, diante da Praça da Alfândega e ao
lado do Largo dos Medeiros. Lugar de encontro de intelectuais e
leitores que marcou época na Porto Alegre dos anos 60, tinha em
Quintana um visitador diário.
Arnaldo
Campos, o dono, um dos livreiros mais respeitados da cidade,
colecionador de edições históricas, estava por perto no dia em que
uma jovem senhora ficou radiante ao reconhecer Quintana como o
ilustre folheador ao seu lado. Observou-o algum tempo, aproximou-se.
Aparentemente sem saber de que forma fazer a melhor abordagem,
identificou-se como professora e foi fundo:
–
Poeta, o que devo ler para entender
Shakespeare?
Com
o dedo indicador preso no meio do livro que estava examinando,
Quintana orientou, imperturbável e honestamente:
–
Shakespeare, minha filha!
Juarez
Fonseca, in Ora bolas! - O humor de Mário Quintana
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