terça-feira, 21 de junho de 2016

O homem não coincide consigo mesmo

Ao afirmar que, na obra de Dostoiévski, o homem não coincide consigo mesmo, o que Bakhtin quer dizer é: “A” é diferente de “A”, isto é, não há lógica identitária aí. Em outras palavras, é aquela ideia de que, na existência natural, a figura da natureza é a decomposição. O ser humano se decompõe, e a imagem disso é a morte do indivíduo, do corpo. O corpo morre e, mesmo que ele se decomponha na barriga de uma bactéria, já não é mais o mesmo indivíduo. Podemos fazer, então, o caminho no registro existencial, no qual o indivíduo se decompõe, ou no materialismo, que é a compreensão do ser através de um processo contínuo de decomposição dos ser. O que é o materialismo senão a redução do ser a suas partes mínimas?
Luiz Felipe Pondé, in Crítica e profecia: a filosofia da religião em Dostoiévski

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