terça-feira, 1 de março de 2016

Uns Lobos da Estepe iguais a mim

Mas aquele tranquilo observatório encerrava outra vantagem; não havia ali multidão, nem gritos nem música, mas somente alguns cidadãos sentados diante de toscas mesas de madeira (…), e diante de cada um, uma jarra de bom vinho. Talvez aqueles poucos fregueses, aos quais conhecia de vista, não passassem de verdadeiros filisteus e tivessem em casa altares domésticos erigidos aos tímidos ídolos da resignação, ou talvez fossem uns pobres-diabos sem rumo como eu, pacíficos bebedores, cheios de pensamentos sobre a falência dos ideais, uns Lobos da Estepe iguais a mim não sei. A cada um levava-o até ali uma nostalgia, uma decepção, a necessidade de um substitutivo: o casado buscava a atmosfera de seu tempo de solteiro, o velho funcionário ia lembrar-se de seu tempo de estudante.”
Hermann Hesse, in O Lobo da Estepe

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