“Mas
aquele tranquilo observatório encerrava outra vantagem; não havia
ali multidão, nem gritos nem música, mas somente alguns cidadãos
sentados diante de toscas mesas de madeira (…), e diante de cada
um, uma jarra de bom vinho. Talvez aqueles poucos fregueses, aos
quais conhecia de vista, não passassem de verdadeiros filisteus e
tivessem em casa altares domésticos erigidos aos tímidos ídolos da
resignação, ou talvez fossem uns pobres-diabos sem rumo como eu,
pacíficos bebedores, cheios de pensamentos sobre a falência dos
ideais, uns Lobos da Estepe iguais a mim não sei. A cada um levava-o
até ali uma nostalgia, uma decepção, a necessidade de um
substitutivo: o casado buscava a atmosfera de seu tempo de solteiro,
o velho funcionário ia lembrar-se de seu tempo de estudante.”
Hermann
Hesse, in O Lobo da Estepe
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