sexta-feira, 25 de março de 2016

A filha do diretor

Pouquíssimas garotas iam aos jogos de futebol. Só os veteranos tinham permissão de levar suas pequenas. Era um colégio horrível, sob todos os pontos-de-vista. Gosto de estar num lugar onde, pelo menos, a gente possa ver umas garotas de vez em quando, mesmo que elas estejam apenas coçando o braço, assoando o nariz, rindo à toa ou coisa que o valha. A tal Selma Thurmer - que era filha do diretor - costumava ir muito aos jogos, mas não era exatamente um tipo que deixasse a gente com água na boca. Mas era muito boazinha. Uma vez sentei ao lado dela no ônibus de Angerstown e começamos a bater papo. Simpatizei com ela. Tinha um nariz enorme, as unhas eram todas roídas e avermelhadas, usava um desses seios postiços que apontam para todo lado, mas no fim a gente sentia um pouco de pena dela. O que eu gostava nela é que não vinha com aquela conversa de que o pai era um grande sujeito. Com certeza sabia o cretinaço que ele era.
J. D. Salinger, in O apanhador no campo de centeio

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