segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Contigo

Ontem tinha um escritor conselheiro sentimental no bar falando que o amor é uma virtude e tal. Que é benevolente, magnânimo, eterno e outras porradas de frases feitas dos filmes da sessão da tarde. De vez em quando eu tomava uns goles e ria das coisas que ele falava. Uma porrada de porcarias para enganar leitoras da Revista Contigo. Aí uma hora fui ao banheiro cheirar meu pó e o vi molhando o cabelo e ajeitando a camisa por dentro da calça. Dei um chute no calcanhar dele e disse “sabe o que é o amor? É isso. Um chute no calcanhar.” Ele ficou sem reação. Não chutei com força. Chutei devagar para ele entender que o amor não avisa. O amor é marginal. Ele invade. Não pede licença. É o ladrão soturno. Aí continuei bebendo minha cerveja e cheirando tranquilo no banheiro até que o bar fechou e vi uma morena caminhando. A bunda mais linda que já vi na vida. Caminhei quase a Avenida Getúlio Vargas inteira olhando pra bunda dela até tropeçar e cair numa sarjeta. A viatura parou. Os caras me viram soltando gargalhadas olhando para as estrelas e me deram um baculejo: “cadê a maconha, filho da puta?! Tá rindo pra caralho de quê? fala! Cadê a porra da maconha?” continuei rindo e levando chutes e socos na costela. O amor também é engraçado.
Diego Moraes, in ursocongelado.tumblr.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário