Os limites de nossa personalidade
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Sempre achamos que
são demasiadamente estreitos os limites de nossa personalidade!
Atribuímos à nossa pessoa somente aquilo que distinguimos como
individual e divergente. Mas cada um de nós é um ser total do
mundo, e da mesma forma como o corpo integra toda a trajetória da
evolução, remontando ao peixe e mesmo a antes, levamos em nossa
alma tudo o quanto desde o princípio está vivendo na alma dos
homens. Todos os deuses e todos os demônios que já existiram, quer
entre os gregos, os chineses ou os cafres, todos estão conosco,
todos estão presentes, como possibilidades, desejos ou caminhos. Se
toda a humanidade perecesse, com exceção de uma só
criança medianamente dotada, esse menino sobrevivente tornaria
a encontrar o curso das coisas e poderia criar tudo de novo: deuses,
demônios e paraísos, mandamentos e proibições, antigos e novos
Testamentos.
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Pois bem — objetei-lhe. — Mas que fim leva o valor do indivíduo? Para que aspiramos a algo se já temos tudo concluído em nós mesmos?
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Alto lá! — exclamou Pistórius com força. — Há muita diferença entre levarmos simplesmente o mundo em nós mesmos e conhecê-lo.”
Hermann Hesse, in Demian
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