A
pobre menina rica de Vinícius de Moraes, a musa da Bossa Nova, a
moça dos joelhos mais bonitos da MPB, a voz dos desconhecidos da
música, a garota da Banda, o açúcar com afeto de Chico Buarque, a
mãe da Isabel e do Francisco, a mulher doce e de opinião forte.
Essa foi Nara Leão. Uma das presenças femininas mais marcantes da
música brasileira.
A
bela e doce menina Nara, sempre cercada por personas importantes do
âmbito musical, sentiu despertar seu interesse pela música muito
cedo. Ainda com 14 anos, em meados de 1956, começou a ter aulas de
violão com dois daqueles que seriam grandes influenciadores da sua
carreira Carlos Lyra e Roberto Menescal. E, desde então, não tirou
mais o instrumento de debaixo do braço.
“Se
alguém perguntar por mim/Diz que fui por aí/Levando o violão
embaixo do braço” (Diz que fui por aí - Zé Keti e H.
Rocha, interpretada por Nara Leão).
Em
sua casa, todas as noites, dizem que aconteciam reuniões que deram
início à Bossa Nova. Ronaldo Bôscoli, com quem teve um romance,
Carlos Lyra e Roberto Menescal, seus mentores musicais, eram alguns
dos que participavam desses famosos encontros. Sempre muito tímida,
Nara custou a aceitar que tinha voz e potencial para seguir uma
carreira artística. Mas não tardou muito para que ela se entregasse
de corpo, alma e coração à música. Sua estreia profissional nos
palcos aconteceu ao lado de ninguém menos que Vinicius de Moraes, na
comédia Pobre Menina Rica (1963).
“Eu
acho que quem me vê crê/Que eu sou feliz/Feliz só porque/Tenho
tudo quanto existe/Pra não ser infeliz” (Pobre Menina Rica
- Vinicius de Moraes e Carlos Lyra)
Além
da Bossa
Nova,
Nara, levada pelo seu lado político esquerdista, também passou a se
interessar pelo chamado samba do morro, com canções contra o regime
ditatorial da época. Em 1964, Nara lançou, em parceria com Zé Keti
e João do Vale, a peça Opinião,
composta em protesto contra as autoridades que queriam retirar as
favelas do Rio de Janeiro. Então, de musa da Bossa Nova passou a ser
cantora de protesto, mostrando a todos que ela não era apenas uma
menininha de classe média que gostava de cantar. Nara tinha
personalidade. Uma personalidade que talvez seja até mais lembrada
que seu rico repertório musical.
“Podem
me prender, podem me bater/Podem até deixar-me sem comer/Que eu não
mudo de opinião” (Opinião - Nara Leão)
Veja
a matéria completa da Obvious aqui.
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