Sabiá.
Sabiá é um bom sujeito. Sabiá, se ele não fosse passarinho, era
amigo da gente, aposto. Quando ele come fruta não é como sanhaço
que come sem vergonha. Sabiá não, só não pede licença porque não
sabe. E gosta também de andar no chão, passeando, como se não
soubesse voar. É muito delicado e não gosta de humilhar ninguém.
Sabiá foge quando a gente chega perto. É claro que foge. Mas é tão
devagarzinho como se estivesse pedindo desculpa.
Paulo
Mendes Campos,
in De
um caderno cinzento
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