O
historiador inglês Donald Sasson no livro “Mona Lisa” faz um
levantamento histórico das razões que levaram o quadro de Da Vinci
a se tornar a maior referência em obras de artes que o mundo já
viu.
Pense
rapidamente, qual é a pintura mais famosa do mundo? Segundo uma
pesquisa realizada na Itália, a Mona Lisa de Leonardo Da Vinci ganha
disparada de qualquer outro, com mais de 73% de lembrança
espontânea. Se isso é até que relativamente fácil de se entender,
o nó da questão reside justamente no por quê?
Este
último ponto é a grande questão levantada pelo historiador inglês
Donald Sasson no livro “Mona Lisa” (editora Record). Em suas 285
páginas de texto efetivo, ele faz um levantamento histórico das
razões que levaram o quadro de Da Vinci a se tornar a maior
referência em obras de artes que o mundo já viu.
Sasson
começa da imigração de Leonardo para a França, onde ficou sob
tutela da corte real e ali desenvolveu seus trabalhos. Com
investigações feitas a partir de textos dos contemporâneos do
artista até o século 20, Sasson desenvolve sua obra. Recheado de
fatos pitorescos, o autor apresenta os motivos que tornaram Mona
Lisa, um ícone das artes visuais e popular também. Do grande
redescobrimento da pintura no século 19 e os inúmeros escritores
que falam sobre a importância da personagem comparando-a à diversas
mulheres históricas como, por exemplo, Helena de Tróia até o seu
roubo em 1991, que alavancou de vez o imaginário popular sobre a
pintura, são os pontos de destaque de sua pesquisa.
O
autor também aproveita para levantar a questão da identidade da
modelo de Da Vinci - são inúmeras teorias - e o seu enigmático
sorriso, que tornou-se tão importante quanto a própria pintura.
Diante do vulto de Mona Lisa, Sasson vê a diluição do pintor
renascentista, que vira menos “famoso” do que sua arte, coisa
muito difícil de se acontecer, principalmente no mundo atual de
grifes. Também compara a histeria coletiva a favor de Leonardo Da
Vinci diante de outros gênios, como Rafael e Michelângelo.
Dentro
deste universo recheado de idas e vindas, a criação de um mito
popular vai sendo revelada. De seu uso na publicidade, de sua
participação na arte moderna, como as inúmeras intervenções de
artistas como Marcel Duchamp e Fernando Botero, Mona Lisa guarda
inúmeras peculiaridades, como a prisão de André Breton após o
roubo da pintura e o poeta resolveu entregar outros objetos furtados
do Louvre, na França, que estavam em seu poder.
O
que Donald Sasson narra, na verdade, é o efeito estético que a obra
de arte pode causar e sua apropriação por outros suportes que
transformam uma pintura em imaginário coletivo. Analisa também a
negação pela chamada “alta cultura” de um objeto tornado
popular. Uma discussão muito interessante em épocas de mundo
globalizado.
Danilo
Corci, in revistaspeculum.wordpress.com
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