“São
muito raros aqueles que morrem tendo possuído verdadeiramente a sua
alma. Com frequência, nem sequer a conheceram. Desde a primeira
idade, tiveram na sua frente os exemplos que lhes pareciam ótimos e,
a pouco e pouco, lhes moldaram, comprimiram e mascararam a sua
natureza. Se essa natureza era baixa e pobre e os exemplos foram bem
escolhidos, a imitação evitou mais um idiota ou delinquente.
Todavia,
em muitos casos, trata-se de naturezas ricas e generosas que teriam
podido dar mais do que obtiveram com o método quadrúmano - e vale
muito mais um talento pequeno, mas novo, do que a imitação medíocre
de um gênio.
Mas
quase ninguém se atreve a ser o que é e todos querem ser outros. E
como nem a todos se adapta o modelo que escolheram, a imitação
resulta quase sempre inferior ao modelo: um desenho tosco efetuado
numa parede vale sempre mais do que uma cópia da Sibila de Miguel
Ângelo.
Mas
o homem não pode deixar de copiar e não faz senão copiar: é um
fabricante de duplicados. Porque quer ter uma réplica do mundo,
reduzida às proporções humanas e aos seus gostos.”
Giovanni
Papini,
in Relatório
Sobre os Homens
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