terça-feira, 23 de junho de 2015

Dura ação

Não adianta esmurrar a ponta da faca
Não adianta lutar como um guerreiro de Esparta
E exibir a cicatriz como prêmio de guerra
Ser a pedra que estilhaça o vidro da janela.

O grito, o rosnar, a absoluta beleza
A absoluta razão, a absoluta regra, a absoluta certeza
O mais perfeito entendimento, a precisão, a destreza
O ouvido absoluto, a nota certa, a pureza.

A perfeição vinda de um ser é imperfeita
Uma mentira, um arremedo, uma imitação mal feita
E a rigidez, a dureza, toda dedicação em tentar consegui-la
É o mais precioso tempo perdido em tentar contemplá-la.

Mas sou forte, sou viga, sou aço!
Assim sei viver, é como me acho
Seguro, controlo, retenho, não vou
É o que reconheço, é o que tenho, o que sou.

Subindo a escada que desce
Desfiando o tecido que tece
Vendo um bebê na criança que cresce
Indo dormir quando o sol aparece.

Roberta Estrela D’Alva

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