sábado, 9 de maio de 2015

Ensurdecer-se a si próprio

Que estranho eu é este que de algum modo dizemos predominar na filosofia e na literatura de hoje? Porque é evidente que uma forte tendência da arte de hoje, do homem atual, apela para a comunicabilidade, para uma fraternidade, e não para um estéril isolamento. Mas acontece que nesse apelo muitas vezes se esquece o que há aí de mecânico, de superficial, de relações externas, imediatas, provisórias, que nos não satisfaz inteiramente. O homem que aí fala é o que se ensurdece a si próprio, às suas vozes profundas, aos avisos que se anunciam desde o limiar da solidão.”
Vergílio Ferreira

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