“Navegava
Alexandre em uma poderosa armada pelo mar Eritreu a conquistar a
Índia; e como fosse trazido à sua presença um pirata, que por ali
andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre de andar
em tão mau ofício; porém ele, que não era medroso nem lerdo,
respondeu assim: Basta, senhor, que eu porque roubo em uma barca, sou
ladrão, e vós, porque
roubais em uma armada, sois imperador? Assim é. O roubar pouco é
culpa, o roubar muito é grandeza: o
roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar muito, os Alexandres.
Mas
Sêneca, que sabia bem distinguir as qualidades e interpretar as
significações, a uns e outros definiu com o mesmo nome: Eodem
loco ponem latronem, et piratam quo regem animum latronis et piratae
habentem.
Se o rei da Macedônia, ou de qualquer outro, fizer o que faz o
ladrão e o pirata; o ladrão, o pirata e o rei, todos têm o mesmo
lugar, e merecem o mesmo nome.”
Padre
Antônio Vieira,
in Sermão
do bom ladrão
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