“Em geral, estudantes e estudiosos de todos os tipos
e de qualquer idade têm em mira apenas a informação, não a instrução.
Sua honra é baseada no fato de terem informações sobre tudo, sobre todas as pedras,
ou plantas, ou batalhas, ou experiências, sobre o resumo e o conjunto de todos
os livros. Não ocorre a eles que a informação é um mero meio para a instrução,
tendo pouco ou nenhum valor por si mesma, no entanto é essa maneira de pensar
que caracteriza uma cabeça filosófica. Diante da imponente erudição de tais
sabichões, às vezes digo para mim mesmo: Ah, essa pessoa deve ter pensado muito
pouco para poder ter lido tanto! Até mesmo quando se relata, a respeito de
Plínio, o Velho, que ele lia
sem parar ou mandava que lessem para ele, seja à mesa, em viagens ou no
banheiro, sinto a necessidade de me perguntar se o homem tinha tanta falta de
pensamentos próprios que era preciso um afluxo contínuo de pensamentos alheios,
como é preciso dar a quem sofre de tuberculose um caldo para manter sua vida. E
nem a sua credulidade sem critérios, nem o seu estilo de coletânea,
extremamente repugnante, difícil de entender e sem desenvolvimento contribuem
para me dar um alto conceito do pensamento próprio desse escritor.”
Arthur Schopenhauer, in Sobre a erudição e os eruditos
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