“Às vezes, olhando um instantâneo tirado
numa praia ou numa festa, percebia com leve apreensão irônica o que aquele
rosto sorridente e escurecido me revelava: um silêncio. Um silêncio e um destino
que me escapavam, eu, fragmento hieroglífico de um império morto ou vivo. Ao
olhar o retrato eu via o mistério. Não. Não vou perder o resto do medo do mau
gosto, vou começar meu exercício de coragem, viver não é coragem, saber que se
vive é coragem – e vou dizer que na minha fotografia eu via O Mistério.”
Clarice
Lispector, in A Paixão Segundo G.H.
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