“Todos
os desejos são contraditórios como o do alimento. Gostaria que aquele que amo
me amasse. Mas se ele me for totalmente dedicado, deixa de existir, e eu deixo
de o amar. E enquanto não me for totalmente dedicado, não me amará o
suficiente. Fome e saciedade.
O
desejo é mau e ilusório, mas, no entanto, sem o desejo não esquadrinharíamos o
verdadeiro absoluto, o verdadeiro ilimitado. É preciso ter passado por isto.
Infelizes os seres a quem o cansaço subtrai esta energia suplementar que é a
fonte do desejo.
Infeliz,
também, aquele a quem o desejo cega.
É preciso arrastar o desejo até ao eixo
dos pólos.”
Simone
Weil, in A Gravidade e a Graça
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