quarta-feira, 26 de março de 2014

A brevidade do existir humano, segundo H. G. Wells

“A Máquina do Tempo”, primeiro romance do visionário escritor inglês, traz trama perturbadora por mostrar que a civilização não passará de um piscar de olhos na existência do universo.

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Poucos livros conseguem provocar emoções tão intensas, sombrias e duradouras sobre a existência humana e o sentido da vida quanto “A Máquina do Tempo”. Romance de estreia do escritor inglês H. G. Wells (1866-1946), a obra foi publicada pela primeira vez em 1895, quando ele tinha apenas 29 anos, e consagrada depois como um evento pioneiro e importante no gênero ficção científica. Mesmo assim, desde então, não tem sido devidamente dimensionado por toda a sua importância e merecimento, que vai além de mero entretenimento juvenil. Ancorado na teoria evolucionista de Charles Darwin (1809-1882), Wells antecipa o futuro do homem com realismo impressionante, que chega a chocar e faz o leitor perceber toda a insignificância que é a vida no tempo e no espaço. Mesmo com suas invenções e curas de doenças mortais, na busca constante pela eternidade. A narrativa é uma envolvente reflexão sobre os conceitos de humanidade e civilização, com viés ideológico da época em que foi escrita, com todos os aspectos positivos e negativos.
Wells faz pensar também no sentido da religiosidade e seu caráter original. Sua história leva a uma fatalidade como conclusão: não há o que fazer para tornar o homem imortal, pois não existirão humanos, apenas resquícios de sua espécie em seres híbridos daqui a centenas de milhares de anos. Mas, o que se faz hoje, poderia ter reflexos milhares de anos depois. Em sua investida rumo ao desconhecido e ao perigoso com seu invento, esse “Viajante do Tempo”, como é chamado na trama, apoiou-se em conceitos matemáticos para inventar uma geringonça capaz de se mover pela Quarta Dimensão do tempo. E ele vai parar no ano de 802.701 e se depara não com semelhantes, mas com seres pacíficos e dóceis, remanescentes dos humanos que, aparentemente, vivem em um mundo paradisíaco, sem qualquer tipo de preocupação. Não demora, porém, para descobrir que, na verdade, esses seres fantásticos servem de alimentos para outra raça, que vive no subterrâneo e que, apesar de outrora terem sido dominados pelos Elóis, tornaram-se predadores destes, em uma eterna luta de classes.
A história se passa inicialmente na Inglaterra sombria de 1899, onze anos depois dos assassinatos de Jack, O Estripador. Quem a narra é um dos amigos do viajante, que faz parte do grupo que se reúne semanalmente em sua casa para jantar. Certa noite, o anfitrião...
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