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Qual o sentido de escrever poemas
em uma época e cultura que valorizam os bens de consumo, a cultura de massa, o
mercado e a tecnologia, menos prezando os valores espirituais e a expressão
artística?
Para que escrever poemas numa
sociedade que vive uma profunda crise de valores, distante de qualquer ideia de
humanismo?
A primeira resposta poderia ser
muito simples: por teimosia, como resistência à barbárie. Porém, este não seria
um argumento satisfatório, já que existem outras possibilidades, talvez mais
eficazes, de reação, inseridas em movimentos sociais e tentativas de
reconstrução de valores, como o recente diálogo entre a física, a ecologia
profunda, o pacifismo e o budismo, que fazem pensar numa reordenação do
pensamento, em resposta ao crescente utilitarismo de uma visão de mundo baseada
no lucro e na vantagem pessoal imediata.
A segunda resposta, ainda mais simplista, porém com o mérito da
sinceridade, é o da satisfação sensorial, o encantamento e prazer que a poesia
nos provoca. Aqui, novamente, poderia ser levantada uma objeção, pois que há
muitas outras formas de satisfação, talvez mais intensas do que o trabalho com
a palavra, que exige alto rigor e disciplina.
Cláudio Daniel, in Por que fazer poesia hoje?
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