“Viver sempre perfeitamente feliz. A nossa alma tem
em si mesma esse poder de ficar indiferente perante as coisas indiferentes.
Ficará indiferente se considerar cada uma delas analiticamente e em bloco,
lembrando-se que nenhuma nos impõe opinião a seu respeito nem nos vem
solicitar; os objetos estão aí imóveis e somos nós que formamos os nossos
juízos sobre eles e os entalhamos, por dizê-lo assim, em nós mesmos; e está em
nosso poder não os gravar e, se eles se insinuam nalgum cantinho da alma,
apagá-los de repente.
Depois os
cuidados que te pungem não duram, bem depressa deixará de viver. E por que tens
um penoso sentimento de serem assim as coisas? Se são conformes à natureza
aceita-as alegremente e sejam-te propícias. Se vão ao arrepio da natureza,
busca o que for conforme à tua natureza, e corre nessa direção, fosse-te ela
menos propícia; merece indulgência quem procura o seu próprio bem.”
Marco
Aurélio, in Pensamentos
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