Estou
sofrendo de amor feliz. Só aparentemente é que isso é contraditório. Quando se
sente amor, tem-se uma funda ansiedade. É como se eu risse e chorasse ao mesmo
tempo. Sem falar no medo que essa felicidade não dure. Preciso ser livre — não
aguento a escravidão do amor grande, o amor não me prende tanto. Não posso me
submeter à pressão do mais forte.
Onde está minha corrente de energia? meu
sentido de descoberta, embora esta assuma forma obscura? Eu sempre espero
alguma coisa nova de mim, eu sou um frisson de espera — algo está sempre vindo
de mim ou de fora de mim.
Clarice Lispector,
in Um sopro de vida
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