“O
homem. Como o homem é simpático. Ainda bem. O homem é a nossa fonte de
inspiração? É. O homem é o nosso desafio? É. O homem é o nosso inimigo? É. O
homem é o nosso rival estimulante? É. O homem é o nosso igual ao mesmo tempo
inteiramente diferente? É. O homem é bonito? É. O homem é engraçado? É. O homem
é um menino? É. O homem também é um pai? É. Nós brigamos com o homem? Brigamos.
Nós não podemos passar sem o homem com quem brigamos? Não. Nós somos
interessantes porque o homem gosta de mulher interessante? Somos. O homem é a
pessoa com quem temos o diálogo mais importante? É. O homem é um chato? Também.
Nós gostamos de ser chateadas pelo homem? Gostamos.
Poderia continuar com esta lista
interminável até meu diretor mandar parar. Mas acho que ninguém mais me
mandaria parar. Pois penso que toquei num ponto nevrálgico. E, sendo um ponto
nevrálgico, como o homem nos dói. E como a mulher dói no homem.”
Clarice
Lispector
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