“Enchem a boca de paz, e não há tal paz
no mundo. E senão, quem há tão cego, que não veja o mesmo hoje em toda a parte?
Dizem que há paz nos reinos, e os vassalos não obedecem aos reis: dizem que há
paz nas cidades, e os súbditos não obedecem aos magistrados: dizem que há paz
nas famílias, e os filhos não obedecem aos pais: dizem que há paz nos
particulares, e cada um tem dentro em si mesmo a maior e a pior guerra. Havia
de mandar a razão, e o racional não lhe obedece; porque nele, e sobre ela
domina o apetite. (...) A paz do mundo é guerra que se esconde debaixo da paz.
Chama-se paz e é lisonja: chama-se paz, e é dissimulação: chama-se paz, e é
dependência: chama-se paz, e é mentira, quando não seja traição.”
Padre
Antônio Vieira, in Sermões
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