"Quando
eu recito ou quando eu escrevo uma palavra, um mundo poluído explode comigo e
logo os estilhaços desse corpo arrebentado, retalhado em lascas de corte e fogo
e morte (como napalm), espalham imprevisíveis significados ao redor de mim.
[...] uma palavra é mais que uma palavra, além de uma cilada. Agora não se fala
nada e tudo é transparente em cada forma; qualquer palavra é um gesto e em sua
orla os pássaros de sempre cantam apenas uma espécie de caos no interior
tenebroso da semântica. [...] Escrevo, leio, rasgo, toco fogo e vou ao
cinema."
Torquato Neto, in Os últimos dias de paupéria
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