“O que há de mais belo na nossa vida é o
sentimento do mistério. É este o sentimento fundamental que se detém junto ao
berço da verdadeira arte e da ciência. Quem nunca o experimentou nem sabe já
admirar-se ou espantar-se. Pode considerar-se como morto, sem luz, totalmente
cego! A vivência do mistério — embora com laivos de temor — criou também a
religião. A consciência da existência de tudo quanto para nós é impenetrável,
de tudo quanto é manifestação da mais profunda razão e da mais deslumbrante
beleza e, que só é acessível à nossa razão nas suas formas mais primitivas,
essa consciência, esse sentimento, constituem a verdadeira religiosidade. Nesse
sentido, e em mais nenhum, pertenço à classe dos homens profundamente
religiosos. Não posso conceber um Deus que recompense e castigue os objetos da
sua criação, ou que tenha vontade própria, de puro arbítrio no género da que
nós sentimos dentro de nós. Nem tampouco consigo imaginar um indivíduo que
sobreviva à sua morte corporal; as almas fracas que alimentem tais pensamentos
fazem-no por medo ou por egoísmo ridículo. A mim basta-me o mistério da
eternidade da vida, a consciência e o pressentimento da admirável elaboração do
ser, assim como o humilde esforço para compreender uma partícula, por mais
pequena que seja, da razão que se manifesta na natureza.”
Albert
Einstein, in Como Vejo o Mundo
Nenhum comentário:
Postar um comentário