“Nos nossos contatos quotidianos seguimos
a multidão, deixamo-nos levar por esperanças e temores subalternos, tornamo-nos
vítimas das nossas próprias técnicas e implementos, e desusamos o acesso que
temos ao oráculo divino. É apenas enquanto a alma dorme que nos servimos dos
préstimos de tantas maquinarias e muletas engenhosas. De que servem os
telégrafos? Qual a utilidade dos jornais? O homem sábio não aguarda os correios
nem precisa ler telegramas para descobrir como se sentem os homens no Kansas ou
na Califórnia durante uma crise social. Ele ausculta o seu próprio coração. Se
eles são feitos como ele é, se respiram o mesmo ar e comem o mesmo trigo, se
têm mulheres e filhos, ele sabe que a sua alegria e ressentimento atingem o
mesmo ponto que o seu. A alma íntegra está em perpétua comunicação telegráfica
com a fonte dos acontecimentos, dispõe de informação antecipada, qual despacho
particular, que a exime e alivia do terror que oprime o restante da comunidade.”
Ralph
Waldo Emerson, in Progresso da Cultura
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