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As almas, como as flores, no lugar
Em que viveram deixam, longamente,
Sua íntima essência errando no ar,
Numa vaga fluidez reminiscente...
Vede essas velhas casas que, a passar
Pelos olhos do tempo indiferente,
Foram o sereníssimo ambiente
De uma longa história familiar!...
Há no seu gênio obscuro, misteriosas
Influências humanas, insensíveis
Contágios de alma que não percebemos,
Frias fatalidades traiçoeiras
Adormecidas no silêncio antigo...
Exalam do segredo das entranhas
Forças sutis e sugestões estranhas
Que nos descem ao fundo dos sentidos
E se vão infiltrando, lentamente,
Na alma dos visitantes distraídos...
Ao lhes transpormos as sombrias portas,
Nunca sabemos o que nos espera
Nesses tristes jardins de sombras mortas
Fantasmas de uma antiga primavera...
Dentro tudo morreu... mas, presa a um fio Intangível,
Uma vida fantástica, invisível
Vive em essência no ar sonâmbulo e vazio...
As almas, como flores, no lugar
Em que viveram deixam, longamente,
A sua exalação errando no ar,
Numa vaga fluidez reminiscente...
Em que viveram deixam, longamente,
Sua íntima essência errando no ar,
Numa vaga fluidez reminiscente...
Vede essas velhas casas que, a passar
Pelos olhos do tempo indiferente,
Foram o sereníssimo ambiente
De uma longa história familiar!...
Há no seu gênio obscuro, misteriosas
Influências humanas, insensíveis
Contágios de alma que não percebemos,
Frias fatalidades traiçoeiras
Adormecidas no silêncio antigo...
Exalam do segredo das entranhas
Forças sutis e sugestões estranhas
Que nos descem ao fundo dos sentidos
E se vão infiltrando, lentamente,
Na alma dos visitantes distraídos...
Ao lhes transpormos as sombrias portas,
Nunca sabemos o que nos espera
Nesses tristes jardins de sombras mortas
Fantasmas de uma antiga primavera...
Dentro tudo morreu... mas, presa a um fio Intangível,
Uma vida fantástica, invisível
Vive em essência no ar sonâmbulo e vazio...
As almas, como flores, no lugar
Em que viveram deixam, longamente,
A sua exalação errando no ar,
Numa vaga fluidez reminiscente...
Raul
de Leoni
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