Eu
nasci e cresci debaixo das estrelas do Cruzeiro do Sul. Aonde quer que eu vá,
elas me perseguem. Debaixo do Cruzeiro do Sul, cruz de fulgores, vou vivendo as
estações de meu destino.
Não
tenho nenhum deus. Se tivesse, pediria a ele que não me deixe chegar a morte:
ainda não. Falta muito o que andar. Existem luas para as quais ainda não lati e
sois nos quais ainda não me incendiei. Ainda não mergulhei em todos os mares
deste mundo, que dizem que são sete, nem em todos os rios do Paraíso, que dizem
que são quatro.
Em Montevidéu, existe um menino que
explica: — Eu não quero morrer nunca,
porque quero brincar sempre.
Eduardo
Galeano, in O livro dos abraços
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