“A juventude
quer divertir-se, a velhice, trabalhar. Ninguém se casa só para ter filhos,
mas, uma vez que os tem, eles o modificam e, no fim, ele percebe que tudo, com
efeito, acontecera somente em função deles. Isso prende-se ao fato de que a
juventude, sem dúvida, gosta de falar da morte, mas nunca pensa nela. Com os
velhos, dá-se o contrário. Os jovens julgam que vão viver eternamente; daí,
poderem reportar a si mesmos todos os seus desejos e pensamentos. Ao contrário,
os velhos já perceberam que, num ponto qualquer, existe um fim e que tudo o que
alguém tem ou faz só para si mesmo, acaba por cair no vazio e por ter
acontecido em vão. Assim, necessitam de outra eternidade, bem como da crença de
que não estão trabalhando unicamente para os vermes. Para isso existem mulher e
filhos, atividades e cargos e pátria: para saber-se por quem é, afinal de
contas, que suportamos a lida e o desgaste e as aflições cotidianas."
Hermann
Hesse, in Gertrud
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